quinta-feira, 13 de novembro de 2014

UMA VIVÊNCIA COM O ARCANO DO TAROT - O Enamorado – A Energia de Eros


Quando o Arcano de número 6 foi tirado, por mim, para especificar as energias que estariam presentes em minha vida durante o mês de outubro, mesmo sabendo que O Enamorado não se resume somente à vida amorosa, o primeiro pensamento que surgiu em minha mente foi: “Um novo amor chegará a mim nesse mês?” No entanto, Eros reapareceu em outros aspectos de minha vida.

Eros nos atinge com sua flecha, trazendo a energia da empolgação, da criatividade, da inovação. Ele vem para acender uma chama vigorosa em nosso interior que nos preenche de entusiasmo, seja qual for a área da vida em que sua flecha foi lançada.

Durante o mês de outubro, este Arcano reacendeu a minha criatividade, despertando os talentos e sonhos há muito tempo adormecidos dentro de mim, e até mesmo aqueles que nunca foram descobertos anteriormente. Música, artes, estudos, espiritualidade, trabalho, prosperidade... Tudo isso foi revigorado dentro de mim, trazendo-me uma energia de vivacidade, de alegria de viver por reconhecer a minha capacidade de me realizar naquilo que almejo. Idéias e mais idéias surgiam em minha mente, aumentando a vontade de criar, de buscar caminhos inovadores, nos quais a minha alma se expressaria.

Mas, espere aí: Na imagem deste Arcano, Eros está prestes a lançar sua flecha em um homem que se encontra dividido entre duas mulheres. O moço está em dúvida, não sabe qual caminho seguir, qual escolha fazer, pois as opções são tentadoras. E foi exatamente essa sensação que tive diante das diversas opções que a presença de Eros me fez criar/enxergar, para que eu vivesse, na Terra, a trilha da minha alma, com prazer e alegria. Comecei a me sentir entupida de idéias e vontades (e dúvidas), e então percebi que não podia trilhar todos esses caminhos de uma só vez; eu precisaria ESCOLHER!

ESCOLHER é a palavra chave de O Enamorado; que precisa colocar um fim em sua dúvida e tomar uma decisão, para dar continuidade ao seu livre-arbítrio. É o momento crucial para se decidir.

“As dúvidas são proveitosas (pois nos trazem uma percepção mais ampla das coisas, além de nos retirar um pouco do ‘salto alto’ do orgulho exagerado); mas a dúvida eterna perturba”.

Ao associar tamanha criatividade (envolvida por incertezas) à energia desta carta em minha vida, enumerei as prioridades do momento para me dedicar aos talentos que mais expressavam a minha essência, organizando a mente e escolhendo, para, então, “colocar as mãos na massa”.

Por isso, muitas leituras de Tarot podem ser feitas de maneira equivocada: Em uma pergunta que envolve o plano emocional, tal carta simboliza grande afeto, amor, carinho e desejo, porém, em uma pergunta que envolve o plano mental, tal carta simboliza muita dúvida, muitas opções e até mesmo conflitos e hesitações.

De qualquer forma, essa experiência com Eros foi surpreendente, aproximando-me cada vez mais de seu significado, de sua essência.

Taróloga Awen (Aline Maat) – Tarot Online
Contato: alineamaat@gmail.com






terça-feira, 8 de julho de 2014

NATUREZA: UMA CONEXÃO ESPIRITUAL! (O QUE REALMENTE É “ESPIRITUALIDADE”?)

"Feitiços são feitos no coração, o resto é ilusão." (Aline Maat)

Em novembro de 2013, participei do Ritual de Devoção de uma amiga minha, em São Paulo. Durante um momento de isolamento e purificação, ela viu (em sua tela mental) uma “trilha” e algumas coisas que distraiam sua atenção nas laterais desse caminho. Então, uma voz interna disse para ela manter o foco na caminhada e esquecer os excessos (que era aquilo que a desviava da sua trilha, do seu objetivo).

Nessa época, eu estava numa busca frenética por um novo caminho espiritual, pois e precisava encontrar uma senda através da qual eu expressasse a minha essência. Até que, em meu último encontro com a Ayahuasca, em busca de mais respostas, resolvi perguntar como eu poderia seguir a minha espiritualidade, o que eu deveria fazer, qual era a minha jornada. A mensagem que recebi foi um pouco frustrante, pois dizia que eu já tinha respostas demais (!), que era pra eu viver as respostas que eu já tinha e deixar as perguntas de lado. Foi aí que eu entendi que estava complicando coisas que eram muito simples.

Então, lembrei-me da vivência de minha amiga e tive um insight, o qual me mostrara que aqueles excessos de seu caminho eram os símbolos, os deuses, os mitos, os rituais, as orações, as datas comemorativas, os padrões, os sistemas mágicos hipermegaultramax complexos que adornam o simples, a ponto de esconder esse essencial de nós.

Antigamente, eu entrava na chuva para descarregar minhas tristezas, para me purificar; eu seguia a minha intuição para enxergar os caminhos que eu precisava escolher; eu obtinha respostas através de sonhos; eu subia "montanhas" até as pernas ficarem “bambas”, só para chegar ao topo e sentir a brisa me tocar e ter uma visão mais ampla de tudo, poder ouvir o silêncio da Natureza e me aventurar na Mata fechada. E como tudo isso me fazia sentir mais conectada com a minha espiritualidade! Com o passar do tempo, me senti como uma freira enclausurada num convento, repetindo palavras e mais palavras durante horas, acendendo uma velinha aqui, outra ali, criando rituais complexos, tendo de memorizar uma pilha de conhecimentos com o propósito de "saber mais para passar adiante", e, assim, a minha espiritualidade só foi minguando dentro de mim.

Foi aí que eu comecei a querer entender o que existia por baixo desse aglomerado de informações e simbologias (pois isso já não fazia muito sentido pra mim), e entender realmente o que é a espiritualidade.

Desmembrando essa palavra, concluí que espiritualidade é o contato com o espiritual. E o que é o espiritual? É aquilo que vem do espírito. E o que vem do espírito? Bom, o que vem da matéria (o material) pode ser mais fácil de se entender: o trabalho, dinheiro, fome, lazer, comida, esforço físico, uma casa, um presente, o ato sexual, e etc, são coisas que vêm da matéria. Já o amor, ódio, a coragem, alegria, tristeza, o perdão, a paz, medo, e etc, são coisas que vêm do espírito, o abstrato que, unido à matéria, gera, cria, transforma. A polaridade é algo existente em toda a Natureza (dia/noite, inverno/verão), em todo o Universo, assim como no âmbito espiritual (alegria/tristeza, dor/prazer).

Muitas vezes ouvimos frases como: “Ela tem um bom estado de espírito”, ou seja, ela encontrou harmonia em seu próprio espírito, está bem consigo mesma. Isso mostra que para se viver bem na matéria é necessário encontrar um ponto de equilíbrio em nossa polaridade interna, no nosso espírito. Mas as pessoas acreditam que buscar a espiritualidade é estar condicionado a padrões religiosos, como se a busca fosse externa, de fora para dentro e não de dentro para fora, como se, para buscar o que vem do espírito, seria necessário seguir um caminho criado, estruturado e padronizado, repleto de dogmas; “verdades absolutas”.

Foi então que descobri que não preciso necessariamente ir a um templo, cultuar um deus, não preciso necessariamente de uma religião para viver bem. Entendi que as respostas que eu já possuo são as que eu preciso para viver bem, e esse viver bem é a minha espiritualidade. Claro que não vou criar o padrão de viver fora dos padrões. Se eu sentir vontade de fazer um ritual ou qualquer outra prática religiosa, não vou me limitar e deixar de fazê-la.  Só que, no momento, eu entendo que os padrões religiosos são apenas auxiliares, que o mais importante está dentro de nós, está em nosso comportamento, em nossos pensamentos e em nossas emoções, e que muitas pessoas seguem esses padrões e deixam o mais importante de lado (que está no comportamento e no dia a dia).

De que adianta ter o conhecimento sobre como se fazer aquele mega ritual de banimento, se lá no íntimo eu não consigo resolver a raiva, a mágoa e a decepção que me mantêm vinculada à determinada pessoa/situação para a qual o ritual foi direcionado? De quê adianta fazer um mega ritual de amor se eu não consigo me conectar nem mesmo ao meu amor-próprio? Por isso, eu digo: feitiços são feitos no coração, o resto é ilusão.

De uns tempos pra cá, tenho simplificado a forma de me conectar ao espiritual, o que me ajudou bastante a resgatar o meu elo com o Outro Mundo. Voltei a tomar meus banhos de chuva com um outro olhar; um simples contato que tive com as “montanhas” da Lapinha da Serra foi um dos rituais mais profundos que tive na vida, sem a necessidade de todos esses excessos simbólicos. Na verdade, eu penso que uma liturgia sagrada, repleta de objetos, mantras e simbolismo, é apenas um mecanismo que o homem inventou para acreditar que sua própria energia espiritual foi projetada e semeada no solo criativo do Universo. Não é uma vela, um caldeirão, um incenso, ou uma estátua que movimenta seu desejo rumo à realização, mas, sim, o contrário: você é quem faz esse movimento com o auxílio desses objetos, e pode perfeitamente fazê-lo sem tais utensílios.  Certas crenças dizem que um determinado símbolo serve para “isso”, mas outra crença diz que esse mesmo símbolo serve para “aquilo”. E o que você sente? Já parou pra sentir o que tal símbolo emite ao seu ser? Pois se não existe verdade universal, então cada um tem a própria verdade que funciona pra si. Daí a gente pega um bando de conhecimentos da Índia, do Egito, da Irlanda, e esquece de acessar o que o nosso espírito sente em relação àquilo, fazendo com que a prática espiritual seja mecânica e superficial; sem sentido. Não estou dizendo que sou contra isso, mesmo porque eu ainda me identifico com certos costumes religiosos e os coloco em prática. A questão que falo aqui é não complicar esse percurso rumo àquilo que já está em nosso espírito.

Dalai Lama: “Como dizem os antigos, os tempos mudam e as pessoas mudam com ele. O que ontem foi espiritualidade hoje não precisa mais ser. O que em geral se chama de espiritualidade é apenas a lembrança de antigos caminhos e métodos religiosos.”

Quando invocamos um Anjo, um Santo, uma Deusa, um Espírito da Natureza (etc...) para pedir uma determinada energia, esses Seres nos ajudam a liberar a energia que já temos em nós. Ou seja, nenhuma Entidade/Deidade nos dá o que queremos/precisamos, pois tudo o que necessitamos para o Bem-Viver está em nosso interior! Viver bem é a espiritualidade essencial; acreditar em si mesmo, amar a si mesmo é um poder que torna tudo isso realidade. Viver bem, no fundo, é o que todos os religiosos buscam, mas por vezes isso fica meio camuflado por trás da obrigação de louvar uma Deidade, por trás de atitudes baseadas na crença de que “Deus/Deusa quer isso e aquilo de nós”; e por fim, fazemos tudo o que nossa religião nos pede, menos o simples e essencial ato de fluir, de estar em harmonia consigo mesmo, com a Vida. Complicamos nosso contato com o espírito e deixamos de vivenciá-lo no cotidiano, nas coisas mais simples do dia a dia, no “ser”.

Contudo, percebi que, se a Natureza é algo que me remete à pureza, é algo que me ensina e me coloca em contato com a minha essência espiritual, então eu não preciso seguir um padrão religioso ou até mesmo criar esse padrão. Olhar para a Lua Cheia, me abrir de coração para conversar com ela, pode ser muito mais profundo do que um Ritual de Plenilúnio repleto de objetos e invocações memorizadas. Estou vivendo movimentos internos tão fortes e significativos, que celebrar Beltane (por exemplo) com todas aquelas fitas coloridas, com todos os adornos, com todo seu simbolismo já não tem mais tanto efeito sobre mim. Não que isso seja bom ou ruim, simplesmente não é mais algo que tem importância dentro daquilo que me conecta com meu espírito e com o espírito do Universo. Além disso, esse movimento me faz querer me conectar com algo maior, algo mais expansivo, menos específico, mais natural, sem tantas divisões estabelecidas por panteões, etnias, sem todo aquele separativismo. E nada mais universal que a Natureza! Ela nos ensina, dia após dia, a forma mais simples e essencial de se viver bem.

Termino esse texto, então, com outra fala de Dalai Lama sobre o assunto: "A espiritualidade não é monopólio das religiões, nem dos caminhos espirituais codificados. A espiritualidade é uma dimensão de cada ser humano. Essa dimensão espiritual que cada um de nós tem se revela pela capacidade de diálogo consigo mesmo e com o próprio coração, se traduz pelo amor, pela sensibilidade, pela compaixão, pela escuta do outro, pela responsabilidade e pelo cuidado como atitude fundamental". 


OBS: Quero deixar claro que, por saber que cada um tem seu próprio caminho, sua maneira de se conectar, sua crença e seu ritmo, o que escrevo aqui diz respeito a mim, à minha visão, ao que funciona ou não para mim. De nenhuma maneira tenho a intenção de desrespeitar a crença e as escolhas do outro que vive diferente de mim. Escrevo este texto para compartilhar minhas descobertas, meus esclarecimentos, e quem sabe isso possa auxiliar outras pessoas que estejam numa vivência semelhante à minha. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Uma Vivência com o Arcano “A Lua” (Tarot) – Mistérios do Inconsciente.


Em junho deste ano, se eu não soubesse que estava sendo regida pela energia do Arcano “A Lua” durante esse mês, provavelmente eu teria brigado com a Vida por não compreender o que Ela queria me dizer ao me fazer passar por experiências muito dolorosas nesse período.

Como se trata de um Arcano que traz muitas mensagens do inconsciente, fiquei ainda mais atenta aos meus sonhos e às minhas intuições. Logo no início de junho, sonhei que eu estava à beira de uma praia super deserta, à noite. Com as pernas para dentro do mar, era como se, “do nada”, eu tivesse sido colocada ali, em contato com um mar de águas escuras. No sonho, lembro-me ter sentido que ondas muito fortes estariam por vir. Comecei a correr contra o mar, com muito medo de ser pega pelas ondas. Mas, ao mesmo tempo, eu estava curiosa para vê-las, o que me fez apenas observá-las à distância. Duas semanas depois, sonhei que eu chorava desesperadamente, e acordei em prantos, sentindo uma inexplicável dor na alma. No dia seguinte, os acontecimentos regidos por esta carta começaram a surgir com mais intensidade, gerando muito conflitos internos/externos e muitas lágrimas.

Nesse período, tive um contato muito forte com “o lado sombrio” de algumas pessoas, e isso me fez perceber o quanto eu fugia e me escondia de alguns aspectos da minha própria sombra. Foi um momento que me fez descobrir verdades dolorosas, mas devido à minha disposição de enfrentar essas ondas escuras de meu interior, pude ver, com clareza, o que a Vida quis me ensinar através dessas experiências, enriquecendo a minha jornada rumo ao autoconhecimento, mostrando-me não apenas o meu lado obscuro, mas, também, a minha luz, em busca da aceitação da minha escuridão e, consequentemente, da escuridão das pessoas. Isso me ajudou muito a vê-las sem tanta idealização, sem engrandecimento ou inferioridade, e senti na pele, através dessas vivências, que apesar de termos ritmos diferentes, somos todos iguais. (mais uma vez, o Tarot me auxiliando nas descobertas profundas do ser! ;) ).

Cheguei a escrever sobre isso a uma das pessoas que fizeram parte dessa minha jornada com "A Lua": “Geralmente, a primeira impressão que temos sobre alguém é exatamente o contrário do que ela é. Falo isso porque já aconteceu muito de eu conhecer pessoas que me passassem uma determinada impressão, e ao conhecê-las melhor, percebia que elas eram exatamente o extremo oposto do que eu tinha notado. Só que agora, com toda essa experiência, percebo que não é que essas pessoas sejam o contrário do que eu vi inicialmente, mas sim, que elas são ambas as coisas, luz e sombra! E por isso, o ser humano é muito contraditório, pois a proporção de sua luz é a mesma de sua sombra. E lembrei-me de uma cena do Senhor dos Anéis, quando aquela Elfa Branca chama o Frodo para ver algo na água da fonte, ela vê o anel e sua sombra imediatamente se manifesta. Ela expressa, com toda intensidade, como ela seria sombria e poderosa com aquele anel; ela o almeja com a força de suas trevas internas, com toda a distorção do poder, mas logo em seguida, após reconhecer a sua sombra, ela volta, se equilibra na luz, deixa o anel de lado e diz: ‘passei do teste’. Ou seja, até os seres mais elevados têm sombras e recebem provações para testar o equilíbrio, e eles reconhecem sua sombra, não a escondem de si mesmos, por saberem que ela faz parte da totalidade de todos os seres.

O texto abaixo reúne fragmentos de vários artigos sobre o Arcano “A Lua”, para mergulharmos em sua simbologia repleta de mistérios:

“Vemos um tanque com água (Símbolo da psique) de onde sai uma lagosta, que é um crustáceo! Os crustáceos são uns dos seres mais antigos a viver no planeta. A lagosta está prestes a vir à tona, como vivências muito antigas que retornam em um dado momento. Do lado de fora dois lobos (ou cães) uivam e o uivo, hoje se sabe, é um chamado para unir a matilha. Algo muito antigo convoca nossa atenção e não pode ser ignorado. Ignorar seu chamado só traria mais sofrimento. O uivo também é um emblema do medo que os predadores noturnos, como o lobo, geraram no inconsciente coletivo da humanidade. Medo, e as fobias em geral, é também um dos significados do arcano de A Lua. O medo sempre aparece de algum modo quando temos de nos confrontar com os aspectos não resolvidos da vida. Temos neste arcano, a representação de um lago; de um caminho que relaciona o lago com a montanha; dois cachorros ou lobos; duas torres; um caranguejo e a própria Lua, gotejando o que pode ser sangue.
O lago, em termos psíquicos, pode representar o território de nossas emoções; o caminho conectado com a montanha, nosso consciente; as torres nossos projetos; os lobos ou cachorros, nossos censores e o caranguejo uma espécie de mouse ou foco de atenção.

Ficava com peninha de o caranguejo ter que subir a estrada, quando me lembrei que ele anda para trás, lidando com assuntos passados na medida em que entra no lago das emoções.
Se pensarmos que cada vez que temos uma frustração não integrada, sonhos não realizados ou mal resolvidos, paixões e emoções intensas não harmonizadas e isto provavelmente por varias vidas, poderemos ver como nosso ser está fragmentado e o trabalho que teremos para juntar nossos cacos. Felizmente, todos estes focos criam padrões intermitentes de manifestação, trazendo situações da mesma freqüência para que possam ser curados, o que nem sempre fazemos. Uma das funções da Lua é ser guardião de toda nossa bagagem psíquica e ciclicamente trazê-la à nossa consciência. Enquanto não fizermos isto, estaremos perdendo energia e vitalidade, simbolizadas pelas gotas de sangue.
 A Lua funciona também como filtro de impressões. Entretanto, para evitarmos a dualidade das vias de acesso a este universo de riquezas ainda não exploradas, devemos atentar a todos os sinais que a intuição nos fornecer; pois ao lidarmos com A Lua, as experiências não se revelam de imediata prontidão.

Este arcano abrange nosso inconsciente que, justamente por ser, em geral, tão rejeitado, torna-se mais e mais um lugar interno sombrio e atemorizante. Aí residem nossas fantasias, temores antigos, desejos secretos, sonhos esquecidos, anseios negligenciados. Caminhar por aqui demanda alguma coragem, sem dúvida, mas exige, antes, o desejo genuíno de saber quem somos em níveis mais profundos. Porém, sendo o limiar entre loucura e lucidez algo tão tênue, há sempre o risco de nos perdermos no aconchego do imaginário e entendermos a ilusão do mundo mágico como garantia de poder. N'A Lua encontramos o romântico, o lírico e o poético, cintilações que tornam a vida mais bela. Por isso, se estivermos despreparados, esse enlevo nos parecerá superior à realidade, quando na verdade apenas a complementa e não pode, portanto, a ela sobrepor-se. Por tudo isso se diz que esta carta fala de romance, aventura, perigos, ciúme, inveja ou loucura, poder e desafios. Mas, quando nesse universo adentramos bem centrados, o aprendizado de enxergar sob essa luz diferente, bem como as descobertas que isso possibilita, enriquecem imensamente nosso caminhar diário.

O arcano de A Lua é o que melhor expressa essa imersão no labirinto interior. Abandonados na mais absoluta escuridão, e sem nenhuma referência do que devemos fazer ou para onde devemos ir, só nós resta confiar na vida, ou no absoluto. Ao fazermos isso encontramos a luz do próximo arcano O Sol, caso contrário podemos passar até anos nas sombras do décimo oitavo arcano do Tarot nos perguntando coisas como: ‘Por quê?’ Ou ‘Como?’.”






sábado, 14 de junho de 2014

Uma Vivência com o Arcano O Pendurado - Entre o Casulo e a Borboleta


Quantas vezes a Vida nos coloca em situações/momentos nos(a) quais sentimos que estamos pendurados, "com a vida de cabeça para baixo", como este Arcano do Tarot? 
Na verdade, a Vida permanece a mesma; o que muda é a nossa visão sobre ela, ao olhá-la por outro ângulo, já que, quando "pendurados", não temos muito o que fazer além de aceitar que certas coisas não dependem mais de nós para serem modificadas, restando-nos modificar a nós mesmos.
Eu vivi uma fase na qual me senti pendurada. Relutei demasiadamente contra essa força que parecia paralisar a minha vida e vivi fortes momentos de angústia. Eu fazia a minha parte, buscando reconstruir as áreas de minha vida que tiveram seus "cortes". No entanto, o meu solo ainda não estava pronto para receber novas sementes. Eu precisava amadurecer em vários aspectos para replantar tudo do zero. Mas eu não tinha essa consciência: achava que havia algo errado comigo, e isso me deixou muito deprimida, sem esperança, descrente de tudo (principalmente de mim mesma), sem vontade de viver.
Ao mesmo tempo, eu não queria entregar os pontos, e entre outras atividades que eu praticava, comecei a estudar o Tarot. Foi aí que a chama da minha fé foi reacesa, pois cada Arcano mostrava uma situação, uma fase, um momento, uma personalidade, algo que faz parte da Vida, e eu me vi na carta "O Pendurado", "A Morte" e "A Torre". Muitas pessoas têm medo desses Arcanos, pelo fato de anunciarem provável sofrimento ao aparecerem numa leitura. Esse sofrimento geralmente vem porque temos o hábito de enfatizar o lado negativo das coisas, esquecendo que tudo tem vantagens e desvantagens na Vida. Além disso, estas cartas anunciam transformações internas e/ou externas, o que nos proporcionam uma reciclagem pessoal para nos desapegarmos daquilo que já não tem utilidade para nós, que nos faz mal.
Ao estudar o Tarot e perceber que eu estava nesse momento de purificação, percebi que se eu parasse de brigar com a Vida e fluísse nessa oportunidade de me transformar, eu renasceria com um solo mais forte e saudável para semear novas e férteis sementes.

Como eu disse a uma de minhas consulentes: para virar borboleta, a lagarta também passa por um momento de dor e escuridão, mas ela continua vivendo o agora, com muita coragem, pois confia no misterioso processo do Universo e se permite fluir, crescer e se transformar!

Posso dizer que ainda estou renascendo, porém replantando e vivendo!

Por isso, o Tarot também é um forte aliado, não apenas para prever o futuro, mas sim para nos orientar sobre como nos proceder para transformarmos a tendência dos futuros acontecimentos, para lidarmos com o presente de maneira mais sábia, além de nos ajudar demasiadamente na busca pelo autoconhecimento. Então, venho aqui para divulgar o meu trabalho como taróloga! 

O texto acima é uma tradução da música que escrevi:

Entre o Casulo e a Borboleta (por Aline Ma'at)
Quando a Vida, de cabeça para baixo, nos pendurar,
Na verdade, Ela espera que olhemos para Ela
Através de um Novo Olhar.
Resignar o que não podemos modificar
É aceitar que, um Grão de Areia, Somos no Universo,
E, em seu misterioso processo, confiar.
Deixe as perguntas para viver as respostas!
O Silêncio dos Deuses pode ser um Chamado à Voz Interior.
A maior Bênção da Vida
Pode estar escondida
Aos olhos que enxergam
Somente dor e vazio,
Entre a ceifa e o plantio,
Entre o Casulo e a Borboleta,
No Ritual Interno da Transformação.

Aline Ma'at - Tarot Online (atendimento a qualquer região do Brasil)
Contato: agathodaemony@yahoo.com.br




domingo, 8 de junho de 2014

O Abraço do Universo - A Magia Profunda


Quando eu era adolescente (desde cedo, muito questionadora), eu pensava na possibilidade de uma nova concepção a respeito de “Deus”. Eu pensava: “será que nós, humanos, juntos a todas as coisas viventes da Natureza, somos um Deus(a) fragmentado(a)? E será que, após a nossa ascensão espiritual, reuniremos tais fragmentos e, contudo, seremos , juntos, essa Deidade Una e Suprema que tantos afirmam estar tão distante de nós, em um lugar além do infinito?”

Atualmente, não descarto essa “tese”, embora eu chame essa Deidade de “Vida”; essa Vida repleta de mistérios, ensinamentos, morte e renascimento, com toda a sua grandeza e tudo o que nela existe.
O ser humano é um deus vivendo na matéria, porém, por ter se perdido de sua fonte, esqueceu-se de seu poder interior e passou a buscá-lo, distorcidamente, no falso poder da manipulação.

Muitos espiritualistas falam sobre “estar ligado à Teia da Vida”, ao “Todo”, enquanto outros falam sobre religar-se a Deus, o que, a meu ver, significa reunir os fragmentos que mencionei acima.
Mas não venho aqui para falar de Deus (rs). Venho aqui para falar da Magia Profunda, que será explicada por meio dessa visão de unirmo-nos ao Todo.

A Magia vem de fora ou de dentro?

A Magia vem do espírito; o espírito que há dentro e fora de nós. A Magia profunda é aquela que une a energia do espírito individual à energia do espírito universal. “Mas como fazer isso?” - perguntei a mim mesma. Tentei alguns exercícios de “transmutação”, mas não obtive resultado satisfatório. Até que, em uma pequena viagem que fiz à Lapinha da Serra/MG, quando eu menos esperei, tive uma das experiências espirituais mais profundas já vivenciadas por mim.

No início de 2014, fui à Lapinha com minha mãe, renovar as energias que já estavam estagnadas há um tempo. Eu só não esperava que fosse viver algo tão mágico assim.

No último dia de viagem, fomos eu e minha mãe rumo à cachoeira. Cada uma ficou em um canto diferente, entre as “Montanhas” (Serra), em busca de inspiração para escrever.
Passou algum tempo e eu não havia conseguido escrever coisa alguma. Resolvi largar o papel e a caneta e me pus a apenas observar aquela belíssima paisagem. Estava eu, de frente para as Montanhas, quando senti uma ligação muito forte com elas, uma conexão de “Outro Mundo”! Diante daquela imensidão, senti o quão poderosa ela é e vi o quão pequena sou eu. Mas não me vi pequena no sentido de inferioridade. Ali, ela me olhava como eu realmente sou; sem me aumentar ou me diminuir, sem se importar se sou pobre ou rica; se sou bonita ou não; se sei de muitas ou poucas coisas na vida; ela simplesmente me olhava de igual para igual, como olharia qualquer outro ser, assim como falo em minha música “Wisdom of The Oak”: “tudo é o que é aos olhos da Natureza, com sua devida importância e beleza”.

Eu me senti tão acolhida pela Natureza ao redor, que voltei ao tempo, como se eu tivesse no início das Eras; quando a Natureza não precisava se preocupar com a destruição e o desrespeito egoísta do ser humano; quando tudo o que ela tinha para fazer era simplesmente fluir; quando a única “preocupação” das águas cristalinas era a sua fluidez dissolvendo as rochas com o passar do tempo; o tempo que ainda nem existia.

A minha conexão com a Natureza estava tão forte e profunda que comecei a falar sobre o quão maravilhosa ela é, e tive uma imensa vontade de abraçá-la com muito amor e gratidão pela alegria que ela me proporcionava. E então, muito emocionada, eu abri meus braços e a abracei com tanto carinho que senti o abraço dela de volta! Senti-me una não só com aquelas Montanhas, mas com todo o Universo também! Senti-me conectada à Teia da Vida, à Alma Universal. Foi aí que eu fiz o meu pedido da alma, a minha Magia Profunda, imbuindo o meu pedido com a magia do meu espírito, sob as bênçãos do Todo, como se eu espalhasse o meu desejo profundo pelo mundo com as forças da Vida a meu favor, em um círculo gigante de poder, intensificando o meu feitiço. De repente percebi que eu estava abraçando a mim mesma; que ao doar aquele amor à Natureza, eu estava me amando também, pois ali, eu não estava mais fragmentada.

E foi assim que eu descobri a Magia Profunda; uma sensação de vivacidade que me preencheu dos pés à cabeça, renovando minhas energias, sem que fosse necessária a execução de um mega ritual para senti-la.

Depois disso, lembrei-me de um livro (A Profecia Celestina) que, em um determinado momento da história, fala sobre como renovar sua própria energia, fazendo uma troca energética com a Natureza. Essa troca consiste no ato de apreciar profundamente a beleza da Natureza e emanar, naturalmente, o amor a ela, em forma de gratidão.

Entretanto, no carnaval desse ano, fui acampar em Rio Acima, e, infelizmente, senti exatamente o contrário: como se eu tivesse perdido aquela energia cristalina da Lapinha, pois o local do acampamento era tão desrespeitado pelos humanos que parecia que nem mesmo os Elementais da Natureza conseguiam ficar lá. Mas graças ao maravilhoso convite de minha mãe (que também adorou a viagem), em maio, pude voltar à Lapinha e restaurar as energias mais uma vez.

No terceiro dia, fui sozinha à cachoeira. Além dos valiosos insights que recebi durante a caminhada, parei novamente em frente às Montanhas e me pus a admirá-las. Só que eu não me lembrava do que exatamente tinha acontecido da outra vez que estive com elas. Eu sabia que vivenciei algo muito mágico, mas havia me esquecido do que era, de como foi. Até que me conectei fortemente com a paisagem e ouvi uma voz dentro de mim, como um Déjà vu, que dizia: “eu quero sentir o seu abraço de novo!” E então, eu me lembrei de tudo e me emocionei mais ainda, estendendo os braços para ela novamente. Fiz meu pedido (não muito diferente do anterior), magnetizada pela forte e mágica presença das Montanhas.


Desejo que essa conexão se faça no dia a dia, para que eu não apenas “esteja” reunida à Vida, mas sim, para que eu “seja” una a ela, como um dia todos nós fomos.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

QUEM SÃO OS NOSSOS VERDADEIROS MESTRES E QUAL É A VERDADEIRA INICIAÇÃO?


Por que se iniciar nos Mistérios Pagãos?

Em primeiro lugar, o termo "iniciação" nos mostra, de imediato, a palavra "início". Significa o início de uma etapa na qual se entra após ter feito o compromisso de trilhar um novo caminho: o caminho do "Novo Eu". É uma espécie de "renascimento interior", para o qual é necessário, antes, passar por uma espécie de "morte interna". Abdica-se do "Velho Eu" com o intuito de se esvaziar das inutilidades de si mesmo e da vida que se levava, para, então, se preencher da sua verdadeira essência, daquilo que vai além da realidade aparente. 

De maneira geral, entendo a iniciação como a obtenção de conhecimentos secretos (não por serem privados ou inacessíveis, mas sim, pelo fato de o próprio ser humano se privar de acessá-los), para a utilização do poder da Natureza a seu benefício, em busca da sabedoria de se viver bem, com equilíbrio, em harmonia com o Todo.

A partir desta iniciação, o indivíduo transforma a si mesmo e, num estágio mais avançado (denominado "graus de iniciação"), ele pode se comprometer a guiar outras pessoas à sabedoria e aos conhecimentos que foram aprendidos e vivenciados.

Mas muitos se iniciam apenas para obter títulos, para se sentir importantes, para ter poder, sem passar pelo processo de autotransformação, simbolizado pelo ritual de "renascimento interior". Aliás, muitos se auto-iniciam da noite para o dia, e já se dispõem a guiar outras pessoas num caminho que nem foi trilhado.

UM RITUAL NÃO INICIA NINGUÉM!

O ritual de iniciação é um selo que demarca a passagem do "Velho Eu" ao "Novo Eu". Ele funciona como se fosse um diploma ao concluir uma faculdade, uma carteira de motorista ao passar pelas aulas e exames de direção. Ter uma carteira de motorista sem ter aprendido o conteúdo pelo qual se é qualificado, pode levar o falso motorista a um gravíssimo acidente, envolvendo não só a si mesmo, mas também outras pessoas.

As pessoas parecem precisar de um rótulo para se sentirem mais importantes, sentirem que "são alguém na vida", para a vida, para os outros e para si mesmas. Não vou me enganar: é algo que às vezes nos seduz. Imagine você, à procura de um Mestre. Duas pessoas aparecem em seu caminho para te guiar. Uma delas lhe é apresentada como uma Bruxa Irlandesa, a outra lhe é apresentada como uma pessoa que cultua a Natureza. Provavelmente, a maioria das pessoas se interessaria mais pela primeira opção, por ser mais chamativa e sedutora. No entanto, o que eu vejo cada vez mais nesse mundo de rótulos são apenas rótulos com pouco conteúdo.

A vantagem de se ter um Guia é a de ter quem te oriente, te ensine, para te testar, te inspirar, te disciplinar. Mas como tudo tem seus prós e contras, a principal desvantagem de se ter um Mestre (no meu ponto de vista) é a de seguir um ser humano tão imperfeito quanto todos os outros. 

Li uma frase na internet que se relaciona demasiadamente com o que tenho a dizer neste texto: "BENDITO SEJA AQUELE QUE APRENDE A ADMIRAR E NÃO INVEJAR, SEGUIR MAS NÃO IMITAR, ELOGIAR MAS NÃO BAJULAR, LIDERAR MAS NÃO MANIPULAR".

Na ausência do amor-próprio, o ser humano tem uma forte tendência a buscar aprovações externas para se sentir mais amado, para preencher o buraco interno pela falta do amor a si mesmo. Se o indivíduo não fizer seu trabalho de autoconhecimento, provavelmente ele irá imitar o que seu Mestre faz e o que ele acredita, com o intuito (geralmente inconsciente) de chamar a sua atenção e de se destacar perante os demais discípulos, para a obtenção do falso poder. 

Se um Mestre, por mais sábio e conhecedor que seja, não fez o trabalho de curar sua própria alma das distorções do ego, ele também poderá cair nas armadilhas do falso poder. Assim, ao invés de ajudar seus discípulos a se curarem, ele pode estar enganando e alienando a si mesmo (e às demais pessoas envolvidas), pois quando percebe que seus alunos estão a "imitá-lo", ele pode se corromper através da manipulação, para permanecer com o poder distorcido em suas mãos e ter o que se quer: o falso preenchimento do buraco interno, o qual deveria ser preenchido pelo o amor-próprio.

Nesse jogo de poder, todas as pessoas envolvidas (inclusive o próprio Mestre) passam a crer que estão num caminho de crescimento espiritual, sendo que, na verdade, estão mergulhando e se afundando no lago sombrio de si mesmos. E então, as pessoas se sentem de duas maneiras: umas começavam a brincar de imitar o Mestre para não serem ridicularizadas/bulinadas (mas longe do Sacerdote, elas continuam sendo quem são, com distorções, dificuldades e etc), e as outras pessoas voltam para casa como um lixo ambulante, se sentindo incapazes e vazias, distantes do objetivo inicial/principal, que era o contato com a espiritualidade.

Por esse motivo, resolvi dar "férias" ao meu título de Sacerdotisa, pois percebi o quanto eu preciso ser uma Mestra para mim mesma, antes de Iniciar outras pessoas. Eu me decepcionei muito com esse caminho iniciático porque vi muita manipulação, disputa de poder, mentira, pessoas que fingiam ser bruxas hereditárias para chamar a atenção das outras, falsos mestres que relatavam contatos fantasiosos com o Outro Mundo, Sacerdotes que desrespeitavam a crença do outro por achar que o seu próprio caminho era o único e o melhor (com uma intolerância religiosa para com aqueles que acreditavam em outros caminhos), Mestres que enalteciam o pior que seus alunos tinham dentro de si, através do bulling, acreditando que esse era um método para as pessoas saírem da zona de conforto. Vi pessoas humilharem as outras, zombando de suas dores. Escancaravam confissões íntimas de seus iniciados para todos ouvirem, enalteciam-se pelos seus próprios bens materiais, como se isso fosse o mais importante do caminho. 

Uma vez, conheci uma pessoa sem ligação com o paganismo, que fez exatamente o contrário: me fez enxergar as coisas boas que tenho em meu interior, o que muito me ajudou a crer em mim mesma e a sair da estagnação espiritual, o que me fazia sentir bem comigo mesma, com quem eu era naquele momento, mesmo com todos os defeitos que eu tinha.

Entendo que, dentro dos trabalhos de autoconhecimento, reconhecer seu lado sombrio, improdutivo, vingativo e etc, é tão essencial quanto reconhecer seu lado iluminado, para iniciar o trabalho de autoaceitação, de autotransformação e de resgate ao amor-próprio. Mas eu me recuso a acreditar que o bulling, a comparação e a manipulação sejam métodos saudáveis para desafiar o homem a ir além, a buscar o melhor de si para curar dores e traumas internos. 

No fim das contas, descobri que cada um é Mestre de si, porém, enquanto não nos propormos a trilhar o caminho do autoconhecimento e da autotransformação, sem nos responsabilizarmos por nossa vida, por nossas ações e inações, dependeremos de um Mestre externo para nos guiar, porém correremos o risco de ficar emaranhados e perdidos nas distorções desses Guias, caso eles também não tenham sido Mestre de si mesmo, em primeiro lugar. 

Não acredito na auto-iniciação como um caminho para se obter títulos, já que, nessa trilha, os ensinamentos e rituais perdem seu sentido, passam a ser vazios, pois de que adianta ter tanto conhecimento se há pouca prática, pouca sabedoria? Conhecimento é aquilo que se conhece, sabedoria é aquilo que se faz com o conhecimento que se tem, mas as pessoas confundem um com o outro e acreditam que serão Sábios Magos pelo tanto que se têm para falar e mostrar, com superficialidade, aos outros ("O tolo fala o que sabe, o Sábio sabe o que fala").

Acredito na auto-iniciação se ela for além dos conhecimentos e rituais, se ela for vivenciada dia após dia, uma iniciação à Vida. Por isso, para mim, a mais pura e verdadeira iniciação é o autoconhecimento e o amor. Sem amor, todos os conhecimentos podem ir por água abaixo, pois o amor unifica, e unificar é se igualar, e igualar-se é saber que nada e ninguém é maior ou menor, que tudo tem o mesmo valor diante da Teia da Vida. O amor cura a alma e nos ensina a viver melhor.

Mestres (pessoas que nos ensinam, mesmo que indiretamente): teremos muitos no decorrer de nossas vidas, não só a nível espiritual, mas nenhum Mestre deve ocupar o lugar daquele que está dentro de nós mesmos.

Por isso, finalizo este texto com a seguinte pergunta: 

O QUE VOCÊ QUER DA SUA INICIAÇÃO?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Matéria X Espírito


Já há algum tempo, o ser humano vem distorcendo o uso do dinheiro através de sua “Sombra Cristã” (Conceitos Cristãos distorcidos e impregnados em nosso inconsciente, desde a nossa infância, passados, a nós, pela família, sociedade e vozes de autoridades que nos cercaram). Essa Sombra nos fez acreditar que “somente os pobres herdarão o reino de Deus...dos Céus”. Como a bíblia “se expressa” através de parábolas, muitas delas foram distorcidas, e, neste caso, esta frase acima também, fazendo-nos acreditar que a riqueza é algo pecaminoso e sujo. Desta forma, inconscientemente, passamos a crer que o que vem da matéria não possa se misturar com o que vem do espírito sagrado. Porém, na bruxaria, tudo é sagrado, e aprendemos a nos desvincular da visão dualista de que uma coisa só pode ser boa, enquanto outras só podem ser ruins. Tudo têm os seus dois lados, assim como a magia que não é negra, nem branca: o que fazemos com ela que, talvez, possa ser analisado como algo positivo ou não. Da mesma maneira, vemos o dinheiro: uma manifestação da abundância divina que pode ser utilizada para fins positivos ou negativos. Se estivéssemos na época dos Celtas, vivendo em suas tribos, certamente a abundância se manifestaria através das colheitas, da produção dos animais, etc. No entanto, como vivemos em uma sociedade capitalista, ela se manifesta através do dinheiro.

Sabendo disso, pensemos: por que o dinheiro não pode ser utilizado para valorizar um trabalho mágico espiritual, como um investimento em si mesmo? Será que o dinheiro só pode estar ligado às coisas mundanas? Por que um profissional da área terapêutica, que, em partes, estudou para ajudar as pessoas, pode ter seu trabalho valorizado através do dinheiro, e um Sacerdote que, em partes, estudou para ajudar as pessoas, para passar profundos conhecimentos adiante, não pode ser valorizado pelo seu trabalho da mesma maneira? Essas perguntas estão sendo feitas para que reconheçamos o quanto ainda vemos o dinheiro de forma negativa/distorcida. Temos vergonha do dinheiro, o que, em muitas situações, impede que o homem prospere, por negar, no inconsciente, seu automerecimento. Quantas vezes, ao cobrarmos um dinheiro que emprestamos a alguém, sentimos vergonha? Às vezes a vergonha é tão grande, que nem mesmo procuramos as pessoas que nos “devem”.

Em outros casos, gasta-se uma “nota preta” numa noite de diversão, mas é “proibido”, quase um tabu na nossa sociedade, gastar essa “nota preta” em um trabalho espiritual que pode nos transformar, transformar a atmosfera ao nosso redor para vivermos bem conosco e com os outros seres.

Portanto, convidamos a todos à esta reflexão, ao invés de aceitarmos que dogmas, tabus, crenças e conceitos antigos nos domine, nos manipule, sem que tenhamos questionado o “porque” por trás de cada um deles.